quinta-feira, 14 de maio de 2015

Como fazer um vestido grego para sua boneca




O primeiro passo para fazer qualquer coisa é pesquisar. Eu tenho um livro que comprei sobre história do vestuário que tem bastante desenhos de roupas, desde Egito e Grécia antiga até a Europa do século XIX. O livro só vai até o século XIX, pois foi escrito nessa época. É um bom guia de vestuário e os desenhos são bem legais.

Segue a referência:

Auguste Racinet
Editora Taschen

O livro dá uma ideia de como os gregos se vestiam, mas não ensina a montagem da roupa. Nada que uma busca no google não tenha resolvido. A página Greek Dress ilustra de forma simples como montar um vestido grego. Basicamente as gregas antigas se enrolavam em lençóis.  A roupa era montada usando um grande pedaço de tecido que era preso em dois pontos nos ombros e para arrematar, amarravam uma cordinha na cintura.

Considerando as instruções do link  Greek Dress, fiz uma pequena adaptação. Ao invés de deixar a abertura do tecido do lado, deixei a abertura pra traz. Está adaptação facilita colocar e tirar o vestido da boneca. Com a abertura atrás, vestir a boneca funciona como se fosse uma camisa aberta atrás. Com a abertura lateral teríamos que vestir a roupa por cima, tendo o cuidado de deixar um buraco suficientemente grande para passar a cabeça e a cava grande o suficiente para passar as mãos e o braço. Além do mais, com a abertura atrás, podemos fazer um decote mais bonito nas costas e aproveitar o tecido para fazer uma cauda no vestido, por exemplo.

Se basta enrolar sua boneca em um pedaço de pano, a opção de vestido grego é bem fácil e rápida de implementar, além de não requerer grandes dotes de alfaiataria.

Acabei montando duas versões de vestido, uma para a minha Boboobie Iris e uma para minha Hujoo Selena. Ambas são bonecas 1/4.

O primeiro passo é separar o material a ser usado:

1) Lenço quadrado comprado em uma loja de acessórios femininos. Comprei dois lenços, um branco de 90x90cm em cetim e um rosa de 50x50cm em crepe. Obvio que ambos os tecidos são sintéticos, mas o importante nas roupas de boneca é que o tecido seja fininho e molinho de forma a não ficar todo duro e armado depois da roupa pronta. Pode-se usar pedaços de tecido ao seu gosto, mas optei pelos lenços pelo custo baixo, pela textura do tecido e por não precisar fazer a bainha nas bordas do tecido. Usando lenço, não é preciso ter uma máquina de costura.

Iris / Cetim branco
Selena / Crepe rosa

2) Agulha e linha nas cores dos tecidos.

3) Colchetes de pressão ou velcro para fechar o vestido. (OS gregos não usavam colchetes, mas nós os temos para facilitar a vida)

4) Fitas, cordão ou barbante para amarrar na cintura. No caso, usei cordão prateado para o vestido rosa e dourado para o vestido branco.

4) Enfeites para decorar a roupa, Comprei alguns botões enfeitadinhos para fazer o acabamento no ombro, como se fossem broches.

Considerando o uso de lenços, achei o formato quadrado a melhor opção. As echarpes são muito longas o que iria exigir que se desse diversas voltas de tecido em torno da boneca. Não daria muito certo.

Materiais usados.


Primeiro passo da montagem:

O primeiro passo na montagem do vestido e passar o lenço a ser usado no vestido, para então iniciar a montagem. O tecido rosa, por ser menor gerou um vestido curto e o branco um vestido longo com cauda.

Quando o tecido não apresenta diferença entre o lado avesso e o direito, podemos dobrar o tecido de forma que a parte interna, que fica em baixo, fique um pouco mais comprida como mostrado nos desenhos do link  Greek Dress. O vestido com lenço rosa de crepe foi montado desta forma, porém como o tecido é transparente, então a dobra foi feita de forma que a parte mais curta alcançasse a altura dos joelhos.

Medindo a dobra do tecido para o vestido de crepe.
No caso do cetim, o avesso é opaco, então optei por dobrar o tecido exatamente no meio. Na hora de passar o tecido, pode-se marcar a dobra com o ferro de passar roupa para facilitar a montagem posteriormente.

Medindo a dobra do tecido para o vestido de cetim.

Segundo passo da montagem:

O próximo passo da montagem é medir os pontos onde o tecido será preso no ombro. Podemos marcar os pontos com alfinetes ou alfinetes de gancho. Prendendo com alfinetes de gancho, fica mais fácil testarmos se ficará fácil vestir a boneca. Lembre-se que a cava do vestido deve ser grande o suficiente para passar as mãos da boneca.

Prendendo dois pontos no ombro.


Prendendo dois pontos no ombro.

Terceiro passo da montagem:

Após prender os dois pontos no ombro, é importante testar a peça se ficou fácil de vestir na boneca, se as partes estão simétricas e se o arranjo deu um bom caimento para o vestido.


Testando caimento e facilidade de vestir.


Quarto passo da montagem:

Se o passo anterior foi satisfatório então agora devemos prender os ombros definitivamente costurando. Neste momento podemos adicionar os ornamentos no ombro no mesmo ponto onde costuramos.

Para enfeitar o ponto da costura e ao mesmo tempo disfarçar foram usados botões decorados.




Sequência de montagem da costura com o botão.
Após costurar os dois lados, é só tirar os alfinetes e testar o vestido mais uma vez na boneca.

O mesmo procedimento foi feito para o vestido branco.

obs: Não Achei a minha linha rosa então tive que usar a que me pareceu mais próxima do tecido, a laranja. 

Quinto passo da montagem:

Depois de costura os ombros, vista o vestido na boneca e passamos para o quarto passo que é pregar os colchetes na parte de trás para fechar o vestido. Aqui o vestido branco foi fechado de forma diferente do rosa.

O vestido rosa foi fechado com dois colchetes de pressão alinhados na vertical. Optou-se por este tipo de fechamento pois a medida do lenço rosa é menor, resultando em menos tecido para o transpasse para o fechamento do vestido. Se fosse usado apenas um colchete na parte superior do vestido, este tenderia a abrir ao colocarmos a boneca sentada. 




Sequência de fechamento do vestido rosa.


Como o vestido branco foi feito com um lenço maior, houve a possibilidade de fazer um tipo de fechamento com decote nas costas.

Primeiro dobre o tecido para formar o decote desejado
 
Pregue o colchete
Vestido fechado.
No caso do vestido branco, como há bastante tecido para o transpasse, um colchete só na parte superior das costas é o suficiente para manter o vestido fechado.

Sexto passo da montagem (finalização):

Para finalizar o vestido, amarramos uma fita ou cordão na cintura da boneca. Pode-se também usar um cinto. Optei por usar um cordão prata para o vestido rosa e dourado para o branco.

Amarrar cintura do vestido.
Para amarrar o barbante, ajeite a dobra do tecido e prenda o barbante ou fita na cintura.

Resultado final:

Iris - Frente
Iris - Costas
Selena - Frente
Selena - Costas

E assim temos os vestidos prontos em uma tarde. E olha que demorei um pouco mais pois precisava tirar fotos e planejar o que colocaria neste post.




domingo, 5 de outubro de 2014

Complemento Sobre Remoção de Faceups: Testors Dullcote

Um dos produtos normalmente utilizados para selar faceups tanto de bonecas de resina como de plástico ou vinil é o Testors Dullcote. Trata-se de uma laca a base de nitrocelulose de efeito fosco usado em plastimodelismo, assim como o MSC (Mr. Super Clear da Gundam).

Normalmente vejo em diversos blogs sobre BJD (Ball Jointed Dolls) que pode-se usar o Winsor & Newton Brush Cleaner and Restorer para remoção de faceups em bonecas seladas com MSC. O que me intrigou é verificar na ficha FISPQ que o produto não passa de álcool etílico (ou etanol), então resolvi realizar mais um ultimo teste sobre remoção de faceups.

Primeiro selei o rosto de duas bonecas de teste usando o Testors Dullcote aplicado com o aerógrafo. Deixei secar por alguns dias e então tentei remover o verniz com um algodão umedecido em álcool etílico hidratado 70º INPM. Para meu espanto o verniz foi facilmente removido com o álcool. Acredito que também seja possível remover o MSC apenas com álcool, porém não tenho o MSC para teste e não é tão fácil de compra-lo aqui no Brasil.

A imagem a seguir mostra o resultado do teste realizado.



À direita temos a boneca com o rosto e colo selados com o Testors Dullcote. Percebe-se principalmente no colo o efeito fosco do verniz.

À esquerda temos a boneca que foi selada com o Testors Dullcote e depois o produto foi removido com álcool etílico. O efeito é mais perceptível no colo da boneca pelo fato do plástico ter recuperado o brilho após a remoção do verniz. Quando começamos a remover o Dullcote a peça fica meio pegajosa, mas ao terminar a remoção a peça volta ao normal para que possa ser selada e pintada novamente.

Conclusão

Não gaste dinheiro demais com o Winsor & Newton Brush Cleaner and Restorer. Tente remover o faceup da sua BJD com álcool primeiro.

Com relação ao faceup original de fábrica de bonecas como Barbies ou Monsters High, eu continuaria usando o removedor de esmalte sem acetona, pois como vimos no teste com o Álcool Isopropílico, este não teve a mesma eficiência que o Acetato de Etila.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Introdução ao Faceup

Existe uma grande variedade de modelos e tipos de Fashion Dolls, como as Susis, Barbies, Monsters High, Moxie Girlz, Pullips ou Blytes, por exemplo. Quando compramos uma boneca, escolhemos o estilo, tamanho e roupas que mais nos agradam e ainda nos divertimos arrumando a boneca do nosso jeitinho. Trocamos as roupinhas e fazemos penteados diferentes. Podemos nos contentar apenas em arrumar a boneca ou podemos partir para modificações avançadas criando uma nova boneca. As bonecas personalizadas são chamadas de OOAK (One Of A Kind), por serem bonecas únicas criadas segundo uma imagem ou personagem que escolhemos.

O processo de criação de uma OOAK pode envolver não só a criação das novas roupas, mas também a troca dos cabelos, a repintura do rosto, a inserção de olhos de vidro em bonecas de olhos pintados e as vezes até o encolhimento das cabeças feitas em vinil macio. Sim,é isso mesmo, podemos encolher cabeças de bonecas como as MyScene, por exemplo, de formar que a cabeça da boneca fique proporcional ao corpo. 

O interesse neste post é na pintura do rosto, chamada de faceup. Ao refazermos o rosto de uma boneca podemos pitar por cima da pintura já existente, o que caracteriza uma melhoria, podemos apagar o rosto original para refazer do zero ou podemos comprar uma boneca limpa para fazer a pintura do zero. No primeiro caso, o processo é chamado de makeover nos dois últimos falamos simplesmente em faceup.

À esquerda boneca Kelly, amiga da Susi, á direita boneca Obitsu, comprada limpa para personalização.

Considerando o processo de um faceup de uma boneca de teste, como me propus a fazer no post anterior, temos os seguintes passos:

1) Remover a pintura original do rosto da boneca.
2) Selar o rosto de forma a prepará-lo para a nova pintura.
3) Executar a pintura.
4) Selar a pintura.

No texto subsequente, será discutido o processo e os materiais envolvidos em cada etapa, tentando considerar o uso de produtos recomendados em fóruns e sites sobre bonecas, mas também vou considerar o uso de opções nacionais e mais fáceis de encontrar. No caso de produtos nacionais discutirei alguns testes, feitos para averiguar a adequação do produto ao objetivo do trabalho de faceup e seus resultados.

1) Primeiro passo, remoção da pintura original


A remoção da pintura do rosto de uma boneca não é uma tarefa tão difícil assim, mas requer o produto adequado ao material da cabeça e para o tipo de tinta usado na pintura a ser removida. Depois de pesquisar diversos sites em português e inglês as opções normalmente citadas para a remoção da tinta são acetona, removedor de esmalte sem acetona, álcool isopropílico e Winsor & Newton Brush Cleaner and Restorer.

A tabela abaixo descreve os produtos adquiridos para teste, exceto pelo produto da Winsor & Newton não encontrado para aquisição, mas listado a título de conhecimento.

Solvente (thinner)
Princípio Ativo
Vinil
Plástico ABS
Resina
(A) Solução de acetona 60% (60% Acetone Solution)
Acetona (acetone)
OK
Não usar
Não usar
(B) Removedor de esmalte sem acetona (Acetone Free Nail Polish Remover)
Acetato de Etila (Ethyl Acetate)
OK
OK
OK
(C) Álcool Isopropílico (Rubbing Alcohol)
Álcool Isopropílico (Isopropyl alcohol)
OK
OK
OK
(D) Óleo de Banana (Banana Oil)
Acetato de Amila (Amyl Acetate)
OK
Não usar
Ok
(E) Winsor & Newton Brush Cleaner and Restorer
Sem muita informação. Aparentemente Etanol (Ethanol)
Não testado
Não testado
Não testado, mas OK segundo fóruns e blogs.

Na tabela acima, apenas para o óleo de banana não há referência em sites sobre faceup. Como são usados na remoção de faceup produtos comercializadas para remoção de esmalte de unha, decidi testar óleo de banana por inicialmente achar que fosse semelhante aos outros materiais usados para remover esmaltes. A opção (B), em negrito, na minha opinião foi a melhor.

Se usarmos o produto errado quando removemos a pintura de um rosto, corremos o risco de dissolver o plástico ou resina, ou pelo mesmo estragar a superfície, por isso é bom pesquisar antes o que outras pessoas já usaram e no caso de dúvidas, ter um material similar para teste ou então testar uma pequena quantidade em um ponto escondido na cabeça da boneca. Evite usar produtos que contenham corantes e óleos, pois estes podem manchar a peça trabalhada, seja ela de resina, vinil ou plástico ABS. 

Apesar de haverem indicações em diversos sites sobre os materiais para remoção de faceup, muitas vezes não encontramos exatamente as marcas e materiais citados nos fóruns e blogs, principalmente pelo fato da maioria das fontes estarem em inglês e referenciarem materiais e marcas não existentes no Brasil. A melhor forma de saber quais produtos são adequados é testando.

Para o teste dos removedores foi usada uma boneca de vinil tipo Barbie chinesa barata. No caso do plástico ABS e da Resina, os testes foram feitos no escalpo (head cap) de duas bonecas, uma Hujoo (plástico) e uma Bobobie (resina). Como não removi o faceup das bonecas de plástico e resina, o teste serviu apenas para descobrir se os produtos agridem o material da cabeça.

Não se esqueça de proteger os cabelos da boneca antes de começar o trabalho. Os produtos usados na remoção do faceup podem danificar os cabelos da boneca. Se você não pretende troca-los, melhor proteger com plástico e fita adesiva.

Materiais para remoção de faceup

Quando remover o faceup de uma boneca recomendo que tenha alguns materiais de apoio como luvas, algodão, trapo para limpeza, máscara de proteção, papel toalha e água. Lembre-se que os produtos testados não são absolutamente inofensivos, então usar luvas e máscara para pintura é recomendável. Esses produtos tem odor forte e no mínimo vão ressecar suas mãos.

No lugar de cotonetes, gosto de usar aqueles palitinhos de madeira usados para fazer as unhas. Quando o algodão do palito fica sujo, basta troca-lo por um novo e umedecer na solução escolhida para remoção da tinta. Como os palitos geralmente tem potas fininhas, fica mais fácil de remover a tinta de cantos e detalhes. Se preferir, pode usar cotonetes. Lembre-se que sempre que o algodão ficar sujo, deve troca-lo para evitar de espalhar a tinta ao invés de remove-la.

Para finalizar o trabalho, lavar a cabeça com água e sabão neutro. Eu particularmente gosto de usar o sabão de coco.


(A) Solução de Acetona 60% (60% Acetone Solution)


Vamos começar falando da acetona. Nos Estados Unidos, aparentemente é fácil comprar acetona pura. Aqui no Brasil não é. Para o governo, somos todos produtores de drogas em potencial, então fui procurar a acetona geralmente usada para remover esmaltes de unha.

Visitando uma loja de cosméticos, li os rótulos de frasco por frasco de acetona usada como removedor de esmalte. Esses produtos na verdade são uma solução de acetona. Alguns podem possuir corantes ou aditivos como algum tipo de óleo (para manter as unhas hidratadas). A marca que me pareceu a melhor opção foi a LBS, pois é uma solução de 60% acetona em água e álcool. Aparentemente tem um corante azul bem clarinho. Na falta de uma opção melhor levei a LBS mesmo, pois era o produto mais forte na loja.


 
Solução de Acetona 60% LBS

Testei a acetona da LBS em uma cabeça de vinil macio e em uma área escondida do plástico ABS. No vinil não notei problemas em usar a solução de acetona, como já esperava, mas no plástico ABS percebi que ele automaticamente fica fosco ao ser limpo com a acetona e a parte da peça testada fica mais áspera. A Resina não foi testada, pois li em diversos fóruns que não é recomendável usar acetona em resina. A acetona é um solvente para a resina. O corante da acetona LBS azul não produziu marcas ou deixou resíduos e manchas. No caso da cabeça de vinil a acetona foi eficiente para remover a tinta do faceup.


Não postei fotos dos escalpo (head cap) onde a acetona foi testada pois não é visível nas fotos o estrago feito pelo produto, mas pelo tato percebemos que não é seguro usar a acetona no plástico ABS.

CONCLUSÃO: Seguro apenas para o vinil e mesmo sendo uma solução de 60% de acetona foi eficiente para remover a tinta. É uma opção barata, custa cerca de R$3,00 um frasco de 100ml.


(B) Removedor de esmalte sem acetona (Acetone free Nail Polish Remover)


O removedor de esmalte sem acetona usado foi o da marca Impala Tiresmalt Original. A escolha do removedor de esmalte é um pouco chata, pois a maioria deles contém algum tipo de óleo e corantes. Procurei escolher o que tinha o corante mais claro e menos misturas inconvenientes de óleos, isso quer dizer que mesmo o produto escolhido tem um corante rosa bem clarinho e óleo mineral na composição.
Removedor de esmalte sem acetona Impala Tiresmalt Original

O principio ativo do removedor de esmalte sem acetona é o Acetato de Etila (Ethyl Acetate). Possui odor frutal e é usado como solvente em tintas (tintas esmalte, automotivas e a base de nitrocelulose), vernizes e lacas. Também é usado na industrias de essências. Em uma pesquisa rápida na internet, descobri que o Acetato de Etila é vendido em lojas de essências para perfumes. Então se você quiser usar o produto sem aditivos, pode tentar comprar nas casas de essências. Aqui em São Paulo as lojas de essências ficam no entorno da Praça da Sé.

O teste do removedor de esmalte sem acetona foi idêntico ao da acetona. Removi o faceup de uma pseudo-Barbie e testei no escalpo (head cap) de uma Hujoo de plástico ABS e uma Bobobie de resina. Este produto se mostrou seguro em todos os materiais testados e eficiente na remoção do faceup. Apesar de possuir um corante claro e óleo mineral em sua composição, não notei problemas em nenhum dos três materiais testados. A única desvantagem com relação a acetona é o preço, porém por funcionar em todos os materiais, esta é a melhor opção na minha opinião.




CONCLUSÃO: Seguro em todos os materiais testados, eficiente na remoção da tinta do faceup. Custo de um frasco de 100ml entre R$6,00 e R$7,00.


(C) Álcool Isopropílico (Isopropyl alcohol/Rubbing Alcohol)


O álcool isopropílico é bastante recomendado em fóruns e blogs sobre Barbie Makeover. Pode ser encontrado em lojas de produtos eletrônicos, pois é usado para limpeza de placas e circuitos por ser constituído em 99% de álcool e só 1% de água.
Álcool Isopropílico (Isopropyl alcohol/Rubbing Alcohol)

O procedimento foi similar aos anteriores, usando a cabeça em vinil e os escalpos (head cap) das bonecas de plástico e resina. Eu particularmente não gostei desta opção. Deu mais trabalho para remover a tinta da cabeça de vinil, mesmo sendo uma cabeça barata pintada com tinta barata. Após remover a pintura, não sei se foi por efeito de ter esfregado demais, notei marcas esbranquiçadas nos lugares onde passei o álcool isopropílico. O produto é seguro em todos os materiais, porém tem eficiência menor.



CONCLUSÃO: Seguro para todos os tipos de material testados, porém não muito eficiente. Deixou marcas esbranquiçadas. Custo entre torno de R$7,00 por 250ml.


(D) Óleo de Banana (Banana Oil)


O óleo de banana usado para o teste é o da marca LBS. Na verdade o produto trata-se de uma mistura de álcool e Acetato de Amila (Amyl Acetate), também conhecido como Acetato de Isoamila, É usado como solvente de tintas, lacas e plásticos, além de ser usado na industria de essências. O fato de ser um solvente para plástico já é um indício de não ser uma boa opção para remoção de faceups. O produto pode ser encontrado nas lojas de cosméticos, pois é usado para amolecer esmaltes de unhas já velhos e também nas casas de essências.
Óleo de Banana (Banana Oil/Amyl Acetate)

Os testes do óleo de banana seguem o modelo já citado. O produto se mostrou seguro mais uma vez na cabeça de vinil e também no escalpo (head cap) de resina, porém danificou o escalpo de plástico ABS, deixando a superfície áspera e sem brilho. Na remoção da tinta é eficiente. Não é tão barato e danificou o plástico mais que a acetona. Ainda acho o Acetato de Etila uma melhor opção.

CONCLUSÃO: Seguro para vinil e resina, porém danifica o plástico. Eficiente na remoção da tinta. Cerca de R$2,50 um frasco de 30ml.


(E) Winsor & Newton Brush Cleaner and Restorer

Ficha FISPQ Winsor & Newton Brush Cleaner and Restorer

Este é o único produto citado aqui que eu não testei pessoalmente, pois não o tenho. Não é impossível de acha-lo aqui no Brasil, mas o custo deve sair bem alto por ser um produto importado e vendido em lojas de materiais artísticos. Tentei descobrir sua composição e inicialmente busquei a ficha FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) do produto. Na ficha consta apenas o o Etanol (Ethanol) como componente, porém acho que não se é obrigado a colocar na ficha FISPQ todos os componentes do produto, ainda mais se não apresentarem potencial de risco à saúde. Se o produto realmente for apenas álcool absoluto, incrível que consiga remover o MSC (Mister Super Clear) ou o Testors Dullcote, vernizes normalmente usados para selar os faceups. Em diversos sites há informação sobre o produto ser usado para remover faceups de bonecas de resina e aparentemente é seguro para este material, tanto é que as pessoas deixam a cabeça da boneca mergulhada no produto por horas. Para o vinil e o plástico ABS, não achei referências. Se o produto for apenas etanol, não vejo por que dar problemas, mas sendo prevenida, eu testaria antes na parte interna do escalpo (head cap) da peça, só para ter certeza.



CONCLUSÃO: Seguro para resina, outros materiais não sei dizer. Aparentemente eficiente. Custa cerca de $8,00 um frasco de 4oz em um site estrangeiro.


Considerações finais


Dentre os produtos testados e as dicas açcadas na internet, na minha opinião o melhor produto foi o Removedor de Esmalte sem Acetona (Acetone Free Nail Polish Remover). Tem um custo aceitável e é eficiente e seguro nos três tipos de materiais testados. Me impressionei por descobrir que o vinil é mais resistente que eu imaginava com relação à produtos químicos.


Resultado final da limpeza do rosto em vinil.

Na foto acima temos a cabeça com o resultado final da limpeza. O olho direito foi removido usando o Álcool Isopropílico (Rubbing Alcohol), o olho esquerdo foi removido usando o Tiresmalt (sem acetona / Ethyl Acetate) e a boca foi removida usando a solução de acetona. Na foto percebemos que o lado onde foi usado o Alcool Isopropílico ficou um pouco esbranquiçado.


Cenas do próximo capítulo

No próximo post, pretendo discutir o passo de selar o rosto da boneca antes da pintura do faceup.




segunda-feira, 23 de junho de 2014

Apresentação

Sempre fui apaixonada por bonecas e essa paixão só poderia acabar em coleção. Desde pequena sempre cuidava muito bem de minhas bonecas e tendia a guardar todas elas, tanto é que tenho muitas delas ainda morando comigo.

Na minha pré-adolescência/adolescência comecei a focar mais nas ditas fashion dolls e sempre que tinha um dinheirinho sobrando, acabava comprando uma Susi. Quando as primeiras Barbies apareceram aqui no Brasil, eu resistia em trocar as lindas e proporcionais Susis por magrelas peitudas, mas até cedi e cheguei a comprar duas Barbies na época. Segui por um bom tempo tentando conservar as Susis que já tinha e adquirindo novas.

Barbie anos 80.
Hoje em dia tenho uma coleção de Susis que cobre as decadas de 70, 80, 90 e os anos 2000. Agora de cabeça não lembro quantas são, mas aos poucos vou postar fotos de toda a coleção, começando pelas mais antigas até a mais nova, uma "Susi Boutique de Sapatos e Bolsas".

Para minha tristeza, plástico deteriora sim e bem mais rápido do que eu imaginava. Minha Susi mais antiga, comprada pela minha mãe em 1970 ou 71, não tenho certeza agora,  um dia se partiu em pedaços só de pegá-la na mão. Na época não havia internet e eu não sabia que existem algumas técnicas mais sofisticadas para restauro de bonecas. Acabei colando a probrezinha com Super Bonder mesmo. Se eu tivesse o acesso que temos hoje à informação seja por internet ou por livros, muitas vezes importados, teria feito um serviço menos horrível de restauro.

Susi +/- 1970: Ultimo lote de Susi do modelo antigo com olhos pintados.
A Susi acima, foi uma espécie de liquidação feita pela Estrela. Eles queriam se livrar do estoque antigo de bonecas para lançar o modelo novo. A boneca foi comprada nua e só de sapatos. Infelizmente eu perdi os sapatos quando criança e como já disse tive que colar o corpo com Super Bonder. O body de tecido serve para disfarçar o corpinho quebra-cabeça. A baixo segue uma foto que representa a linha do tempo dos modelos da boneca Susi. As bonecas estão nuas para que se possa visualizar as modificações nos modelos com o tempo.

Diferentes modelos de Susi com o passar do tempo
Da esquerda para a direita temos:

Susi anos 60 (Susi loira): Tinha o todo o corpo e a cabeça em plástico rígido, mas que pode ser amolecido temporariamente em água quente ou com o secador de cabelos. Os olhos são pintados. O movimento dos braços e pernas é bem limitado.

Susi anos 70/começo 80 (Susi loiro dourado) : corpo era de plástico rígido, porém o material já não era o mesmo que o modelo anterior. Este plástico era mais brilhante e delicado (quebra mais fácil) e não é do tipo que amolece na água quente, é rígido mesmo. A cintura possui uma articulação, mas o movimento é limitado. As pernas são semelhantes ao modelo anterior. Os braços podem ser dobrados e possuem uma camada de vinil macio como cobertura. As mão são articuladas e podem se mover. Não sei dizer exatamente em que ano houve a mudança no material da cabeça, mas a princípio as bonecas da década de 70 tem a cabeça em uma material rígido, mas do tipo que amolece na água quente. As bonecas da década de 80, possuem a cabeça em vinil macio. Os olhinhos eram de acrílico e ela passou a ter cílios.

Susi segunda metade da década de 80 (Susi morena): As bonecas Susis estavam perdendo o mercado para as Barbies e chegaram a sumir, mas reapareceram por um tempo na segunda metade da década de 80 com uma modelagem de corpo semelhante aos modelos iniciais, porém em um material mais barato. Não possui mais as articulações de mãos e braços, mas a cabeça continua sendo de vinil, com olhos de acrílico e cílios.

Susi anos 90 (Susi negra): Mais uma vez as bonecas Susi sumiram do mercado e reapareceram na década de 90 remodeladas. Agora o corpo passou a ser de plástico rígido, mas mais robusto que as da década de 70/80. As pernas possuem uma camada de vinil como cobertura. O encaixe das pernas com o tronco mudou. O braços não são mais articulados mas são de vinil também macio. O pescoço passou a fazer parte do tronco da boneca e a cabeça é de vinil macio. Os olhos continuam de acrílico e com cílios.

Susi anos 2000: Agora como a maior parte dos brinquedos a Susi passou a ser feita na China, apesar de levar a marca Estrela ainda. Sofreu um extreme make over e provavelmente deve ser feita nas mesmas linhas de produção que as Barbies, tanto é que o corpo agora é igual ao das Barbies e My Scene. O rosto ficou mais magrelinho para acompanhar o corpo, sendo que a cabeça continua sendo de vinil macio e os olhos de acrílico, porém não tem mais cílios.

Toda a informação acima não é muito precisa pois depende da minha memória de  20 a 30 anos atrás. Não consigo datar exatamente as bonecas, mas consigo estabelecer os períodos.

A qualidade das roupinhas também mudou bastante com o tempo. A seguir temos a foto das mesmas Susis vestidas com suas roupas originais, exceto a mais velha que foi comprada nua. As Susis mais bonitas e bem vestidinhas eram as que vieram até a metade da década de 80.

Linha do tempo de modelos de Susi com roupas originais.
Apenas para comparação, a foto abaixo mostra dois modelos de Barbie e uma My Scene.


Da esquerda para a direita temos:

Barbie anos 80 (cabelos cacheados): Corpo rígido, pernas cobertas com camada de vinil. As pernas dobram mais não é muito fácil de dobrar e manter na posição. O braço é de vinil flexível as mão são articuladas e a cabeça é de vinil macio e os olhos são pintados.

Boneca My Scene (morena): Se eu não estiver enganada esta boneca comprei entre 2000 e 2005. O corpo já é como das Barbies atuais. Não possui articulações sofisticadas, apenas mexe braços e pernas. A cabeça é de vinil macio e os olhos são pintados.

Barbie Fashinista (negra): Comprada em 2013, possui um corpo como o da My Scene, porém com uma articulação no tronco. Na onda das bonecas que fazem pose, como as Monster High, possuem articulações nos joelhos, cotovelos e mãos. A cabeça é de vinil macio e os olhos são pintados. O que eu realmente gostei nesta boneca é que ela é uma boneca negra com traços de mulher negra e não uma boneca branca pintada de negra. Considero isso uma evolução na industria de brinquedos, respeitar as características dos grupos étnicos.

Por ultimo, apenas para comparação, a Susi modelo atual.

Tanto as bonecas Susis, como as Barbies, My Scene, Monster High, são bonecas em escala 1/6. A altura varia em torno dos 27 cm. Isto significa que essas bonecas tem 1/6 do tamanho de uma mulher de 1,62m. Ainda comparando as bonecas com uma mulher adulta, as Susis e My Scenes tem a cabeça desproporcionalmente grande com relação ao corpo. As Barbies tem a cabeça proporcional, porém os pés pequenos demais. Não me parece possível que uma mulher com pés na proporção de uma Barbie possa permanecer em pé. Mas tudo isso é uma questão de estilo da boneca.

Apenas complementando alguma informação sobre as bonecas Susi, elas não são um criações da Estrela e sim uma cópia autorizada das bonecas Sindy inglesas(veja mais sobre Bonecas Sindy, em inglês).

Voltando a escrever sobre minha motivação para a criação deste blog, mais recentemente o corpinho de mais uma das Susis começou a se partir. Desta vez, com acesso à internet, resolvi pesquisar sobre peças de reposição e restauração de bonecas. Peças de reposição para uma Susi da década de 80 não é fácil de achar, então parti para a tentativa de restauro. Este é um trabalho ainda em andamento, ainda não achei a melhor cola para fazer o trabalho, mas em breve haverão posts neste blog sobre o restauro dessa boneca.

Além de Susis e seu restauro, hoje em dia ampliei meu interesse para as BJD (Ball Jointed Dolls) e por makeover de bonecas. Essa ampliação dos interesse é recente, por isso ainda estou na fase de pesquisa e testes de materiais e técnicas. Apenas desabafando, como gostaria que houvessem aqui no Brasil tantos materiais como há nos EUA... Mas quem não tem cão, caça com gatos (considerando que eu tenho três gatos) então vamos ver o que consigo.

As BJDs (traduzindo livremente: Boneca de Juntas de Bolinha) são bonecas articuladas, que podem ser colocadas praticamente em qualquer pose que um ser humano fosse capaz de fazer. Essas bonecas podem ser feitas de plástico, resina ou porcelana. O corpo é compostos por diversas partes sendo as juntas das articulações esféricas, para permitir que a boneca seja colocada em diversas poses. O corpo é oco e por dentro as partes são conectadas por um elástico bem forte. Normalmente elas devem ser capazes de ficar em pé por si só, pois o corpo deve seguir as proporções humanas. São feitas em escala 1/3 (cerca de 62cm), 1/4 (cerca de 42cm) e 1/6 (cerca de 27cm, o tamanho de uma Susi ou Barbie). Esse tipo de boneca costuma ser bem caro, principalmente as de resina ou de porcelana. Note que uma Monster High não é uma BJD, pois não tem as conexões internar feitas por elástico.

As BJDs podem ser compradas já montadas ou completamente limpas, para que sejam personalizadas. Personalizar significa que você terá que fazer o faceup (pintura  do rosto), a peruca, as roupas e os sapatos. Pode-se comprar os acessórios e as perucas prontas e pagar para alguém fazer o faceup, o que me parece bem menos divertido. Em um outro post, falarei sobre as BJDs.

Se você tiver curiosidade de ver como funciona o corpo de uma BJD Hujoo de plástico ABS, segue o link pra um review no youtube. O vídeo está em inglês, como a maior parte das informações sobre BJDs disponíveis pela rede. Hujoo Action Body Review

A foto abaixo é da minha Hujoo 1/4, batizada como Selena. No futuro pretendo vesti-la como a Sarah no filme Labirinto, na cena do baile.

BJD em plástico ABS: Hujoo 1/4 Dana

Em fim, este será o objetivo deste blog, compartilhar minha pesquisa e testes tanto de restauro como de personalização de bonecas.

O próximo post será sobre makeover: O que é e quais os passos. Será meu primeiro makeover, mas não meu primeiro faceup. Devo postar alguns testes feitos em uma Barbie daquelas bem baratinhas, pois estou testando os materiais adequados para o trabalho. Testados os materiais, passarei para o makeover de uma Susi e de uma Monster High. Já tenho as duas esperando para serem trabalhadas. Abaixo estão as fotos das bonecas a serem usadas para os testes e para o makeover definitivo.

Boneca Barbie de teste

A Barbie de teste custou algo em torno de uns R$3,00. Comprei umas 4 delas só para testar produtos e técnicas. Espero que consiga deixa-la menos feia com o teste de makeover..

Futuro makeover: Susi básica
A Susi nova não é tão bonita quanto a antiga, mas vamos ver o que consigo com o makeover.

Monster High - Create a Monster - Sea Monster.
Decidi levar a sério o negócio de Create a Monster e vou refazer esta Monster High para criar uma nova monstrinha. 

Até o próximo post.

(OBS: Achei este página com uma coleção maravilhosa de Susis. Vale a pena olhar. Coleção antiga Bonecas Susi da Estrela anos 60, 70, 80 e 90)